segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

"Mãe...eu sou gay!"

Fonte da imagem: http://tua-mae.tumblr.com/

E eu fiquei ali, perplexa. E aquele olhar curioso, de quem esperava ao menos uma palavra, fosse ela um xingamento ou uma palavra de conforto, em mim se fixava. Mas é que eu não sabia o que falar, a ficha ainda não tinha caído. Não que eu fosse preconceituosa, até tinha amigos gays, conhecia muitos. Mas...Mas meu filho não. Não era possível que eu tivesse errado tanto. E o que as pessoas pensariam dele? E o que as pessoas pensariam de mim? Iam comentar aos quatro cantos que fiz vontade, que dei de tudo, que mimei demais e por isso ele virou o que é. Iam rir dele, de mim e da nossa família. Eu não teria netos e não sei se suportaria vê-lo casado com outro homem. 
Respirei fundo, abaixei a cabeça, passei a mão pela testa molhada de suor frio. As minhas mãos tremiam e a minha cabeça borbulhava. Dizem por aí que mãe sempre sabe, mas eu não sabia, por quê? Será que eu era uma péssima mãe? Deus não me perdoaria. 
Olhei para ele ali em minha frente, tão homem e tão corajoso. Havia compartilhado a coisa mais preciosa da sua vida. Algo que ele vinha guardando com tanto zelo e medo. E eu não tinha o que falar. Eu estava sendo egoísta, estava me comportando como todos os outros. Estava aumentando a distância que por si só se construiria entre nós, quando ele saísse de casa e fosse morar só e ter uma família. Eu estava sendo compreensivelmente...Patética. 
Olha só, olha pra ele, nada mudou. Continuo aqui, o amando, o admirando, e meu coração ferve de amor ao ver aqueles olhos que muito me lembram os meus e a minha juventude. Eu não podia fazer isso com nós dois. Não podia deixa-lo tão aflito. Eu precisava ser realista. Eu devia a ele a mesma honestidade e coragem. Levantei a minha cabeça, me virei pra ele no sofá, peguei a sua mão...E olhando firme em seus olhos, lhe falei:
"- Me desculpe por não compreender ainda pelo que você passa. Me desculpe se prolonguei o silêncio fazendo a sua ansiedade e medo ser um pouco maior do que já era. Você me falar que é gay, é o mesmo que você me falar o seu nome, nada muda. O meu amor e admiração, nada muda. O seu caráter e a sua forma de levar a vida, nada muda. Eu continuo sendo a sua mãe, eu continuarei aqui. Isso não é uma escolha, e eu ainda não entendo o que é. Mas se foi a maneira que você conseguiu ser você no mundo e ser feliz, eu fico feliz também. Obrigada por se dividir comigo, obrigada por ser sempre esse filho amado e querido. "
Nos abraçamos com a intensidade de nossos sentimentos daquele momento. Choramos muito. Ele de felicidade e alívio e eu de orgulho. Eu não deveria me preocupar com o que os outros pensariam. Formei um homem, um homem forte e de um caráter ímpar. Um dos homens mais corajosos que já conheci. Aceitou desde muito cedo caber em si e ser feliz assim, da maneira que lhe coube bem. E eu, apesar do medo do sofrimento que ele poderia ter, me vi ali, aprendendo com alguém que havia vivido muito menos que eu. 

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Aquele negócio no estômago!



Sei lá, é que você me dá aquele negócio no estômago. Aquele negócio que não é enjoo, nem fome. É aquele frio, quase pertinho do Pólo Norte, aquela tremidinha dos Terremotos do Japão. E toda vez parece ser a primeira e eu ainda não acostumei.
Sei lá, é que toda vez que você passa eu tento de forma tola e desconsertada, fingir que sou normal e sociável. E que não sinto aquele frio que não é fome, nem enjoo. E se fosse, seria até algo melhor.
Sei lá, é que cada vez que você me dá um "tchauzinho" de longe, eu desejo que você me dê um "oi" de tão perto que me faça parecer pateta sem saber o que vou responder. E sei lá, mas acho que não queria sentir nada disso que eu sinto, mas sinto muito.
Sei lá, é que fico imaginando como deve ser a sua voz e a sua gargalhada quando um dia, se por acaso, eu tiver a oportunidade de comentar sobre a inveja que tenho do seu cabelo mais volumoso que o meu. E eu fico aqui pensando se prolongaríamos o assunto ou seria somente mais um papo frouxo para não nos desapontarmos assim de cara. E eu fico aqui torcendo: "Não me desaponte!".
Sei lá, é que talvez isso não dê em nada. Talvez eu nunca receba seu "oi" ou te faça dar gargalhadas, mas eu fico aqui... E continuo aqui... Sentindo aquele negócio no estômago que não é forme e nem enjoo.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

Meu melhor amor!




E eu fiquei ali, imóvel, por mais ou menos 20 ou 30 segundos. Não sei precisar. É que beijo é algo íntimo e por mais que pareça que não, a troca acaba sendo coisa de alma. E quando a gente percebe, alguém levou um pouco da nossa e deixou parte da dela. E foi o que ele fez. Não esperou nem eu terminar de falar, não esperou eu completar a frase. E ia ser a frase mais clichê que eu iria dizer e ele ouvir. Eu sem dúvidas repetiria o velho jargão que essa história de misturar as coisas não daria certo, que eu só o via como amigo e nada mais que isso e que a gente ia acabar se machucando.
E as palavras, aquelas que eu estava ensaiando mentalmente enquanto ele me dizia o quanto estava apaixonado e que não me via somente como amiga...E as palavras...E as palavras? É...uma boa pergunta. Ele me olhou sorrindo, de um jeito convencido, como se já soubesse o bem que me causava. Um misto de raiva e desejo me consumia. Como ele podia ser tão convencido daquela maneira? Como podia me deixar desconsertada daquele jeito? E a sensação que eu tinha, é que havia acabado de conhecê-lo, apesar de anos da nossa amizade.
- Não vai me dizer nada? - Perguntou curioso e risonho.
- Por quanto tempo você acha que duraria a nossa amizade? - Perguntei
- Achei que você já soubesse. Se depender de mim a vida inteira! - Respondeu me passando a maior certeza em cada uma de suas palavras.
Eu não tinha mais o que questionar. E ali eu vi que a única coisa que eu podia fazer era agradecer, por ter - sem muito trabalho - encontrado em uma única pessoa o meu melhor amor e o meu melhor amigo.
Ele me abraçou, com o abraço de amor e não de amigo e da mesma forma de sempre eu pensei: É aqui que pro resto da vida eu quero ficar.

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

Errar é humano, mas persistir no erro é perda de tempo.



Eu já magoei muita gente, já fui fria e calculista em minhas palavras, já falei com a intenção exclusiva de ferir. Eu já fui cruel em não perdoar, já deixei as oportunidades passarem por puro orgulho. Já fingi não me importar e jamais voltei atrás na minha posição radical. Já fiquei sem falar e até já exclui da minha vida. Já desejei o mal na hora da raiva intensa, já desejei a morte e já desejei matar. E não teria porque esconder nada disso, porque somos isso, somos humanos, somos um quebra cabeças cheio de falhas e peças que jamais se encaixarão. 
E o melhor de tudo é reconhecer isso, assumir que errou, enxergar de fato como você é, ali com todas as suas variáveis, pois esse será o primeiro e grande passo para futuras mudanças. Assumir que errou, assumir que tem defeitos, não faz de você uma pessoa má, faz de você uma pessoa atenta e aberta a seguir um caminho novo e muito melhor. 
A gente se encontra ali, envolvidos em culpa, erros e mágoas. Mas é preciso aceitar que os erros nos ensinam muito, inclusive a buscar ser o melhor sempre. Não por ninguém, não pelos outros, mas por nós mesmos. E o tempo passa e a gente entende que o caminho não é bem aquele. A gente entende que a bagagem está pesada demais para sair arrastando por aí. E então cabe a gente buscar a evolução, a melhora, o perdão. Não somente dos outros, mas principalmente o nosso perdão. 
Exigem de nós a perfeição o tempo inteiro, seja lá em qual área for. E lá estamos nós, mergulhados em angústias por nunca atingir esse estado tão imposto. Mas a vida é isso meu caro, imperfeita, rebocada, reformada. Não se cobre a perfeição, não se cobre nunca errar, não se cobre ser melhor que os outros. Mas se permita aprender com seus erros, se permita caber em suas expectativas e acima de tudo se permita superar somente a você mesmo. E a partir disso, você será melhor sim,  não mais que os outros e sim  melhor para você, o que respingará no mundo ao seu redor. 
O que fomos no passado só deverá refletir em quem somos no futuro, quando for algo que nos traga ganhos e crescimento, de resto...Quem precisa de resto para viver, não é mesmo?! Então, pega tudo aquilo que te amarra, toda âncora que te prende ao passado e simplesmente se desfaz dela. E então saberá que não há sensação melhor do que ser você mesmo e conviver com você, seus defeitos, erros e virtudes.  
Errar é humano, mas persistir no erro é perda de tempo.
Fico por aqui!!

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Mais um clichê!



Enfim casa. Essa história de trabalhar viajando nunca me encantou. Mas vez ou outra era necessário e eu não poderia negar um cachê a mais. Sempre que eu ia ficava doida pra voltar; Ter de volta meu lar, meu aconchego e meu marido.
Porta destrancada, cheirinho de intimidade, malas no chão e lá estava eu no meu lar doce lar.
"Chegueeei! Tem alguém aí?" - Perguntei em tom de brincadeira, havia chegado antes do dia, adoro fazer surpresas.
O silêncio ocupava a sala, roupas espalhadas pelo chão faziam uma trilha que me levava até o quarto. Acompanhei com o olhar, e quis ser a pessoa mais inocente naquele momento. Não acreditei que ele havia bagunçado a casa inteira daquele jeito em apenas dois dias. Mas foi muito além disso, ele havia bagunçado a casa inteira e também meu coração, pensamentos e a minha vida.
Segui a trilha em silêncio, a porta do quarto entre aberta, no som a nossa música tocava, ouvi gemidos abafados, pernas entrelaçadas. Gelei. Voltei de ponta de pé pra sala, tampei a boca do grito feroz que eu queria ter largado. Meu corpo perdeu o controle. Fui até a cozinha, pensei na faca, mas não sabia quem eu mataria primeiro. Precisava me acalmar, não sabia o que fazer. Culpo a quem? Grito ou entro em silêncio? Armo um barraco ou banco a bem resolvida? O que eu faço?
E quando vi já estava lá, aplaudindo. Isso mesmo, eu aplaudi, aplaudi aquela palhaçada em minha cama, aquele cheiro de sexo em meu quarto e quando me dei conta quem era  a mulher que estava ao seu lado eu aplaudi mais ainda e ainda gritei: "BRAVO!".
Minha melhor amiga e meu marido, fazendo papel de vilões, bem ali na minha frente e eu expectadora patética e estática não sabia o que fazer. Não permiti que caísse uma lágrima, não permiti que me explicassem nada. Para aquilo não havia explicação, obviamente. Abri a porta do guarda roupas e os olhares me acompanhavam assustados, cobriam a nudez como se esse fosse o motivo da vergonha. Peguei aos montes os cabides que já tinham destino certo, a janela. Ele me dizia que podia explicar. Ela ainda ousava iniciar a frase me chamando de amiga. E eu fervia como bule que ecoa na cozinha assobios de desespero.
Até que explodi: "CALEM-SE! Nada que me digam vai explicar o que vocês dois fizeram. Absolutamente nada. Agora eu vou sair, preciso respirar e quando voltar quero a casa vazia, sem as suas coisas, sem nada que me lembre você. E você... - apontei pra ela - esqueça que um dia passou pela minha vida!"
Peguei a minha bolsa, atravessei a porta desejando atravessar um portal, pensando na faca que eu desisti de pegar e pensando no barraco que desisti de armar. Bati a porta com a força que eu gostaria de ter batido em cada um deles. Peguei meu celular e liguei para a única pessoa que naquele momento eu sabia que poderia me confortar. Aos prantos, quase sem saber como começar falei:
"Mãe... Estou indo até aí... Preciso de colo!"

domingo, 12 de outubro de 2014

Querido Pedro...


Querido Pedro,

Há tempos que me dói esse seu olhar acostumado. Me dói não conversarmos mais como antes. Me dói nossos hábitos egoístas, nossas trocas de farpas e nossa falta de paciência. Dói demais não ver desejo em seu olhar e em suas palavras.
Há tempos que notei que o noticiário esportivo ganhou mais importância do que eu, do que nós e nossa vida a dois. Há tempos notei também que dormir se tornou muito mais interessante do que fazer sexo e que nosso sexo não passa de obrigações burocráticas de um casamento falido e sem amor.
Quando nos conhecemos, eu prometi a mim mesma que jamais cairíamos na rotina, nem quando as crianças chegassem, nem quando nos cansássemos da vida enfadonha de um casamento tradicional, cheio de altos e baixos. Mas ao longo do tempo, percebi que um casamento de sucesso, esses que a gente idealiza ainda na infância, não se pode construir sozinha. Um casamento é um patrimônio, e onde não há acordo, jamais haverá bons resultados.

Bom Pedro, não lhe escrevo para lhe culpar, mas para lhe dizer que venho refletindo muito no que a minha vida se tornou, venho refletindo nas escolhas que eu fiz e que por mais curioso que pareça, você continua sendo a melhor delas. Não foi por acaso que escolhi você, não foi por acaso que senti paz em seu sorriso, muito menos por acaso que quando a gente se beijou pela primeira vez, me deu vontade de permanecer ali pra sempre. 
Hoje fazem seis anos que decidimos dar um passo de maior responsabilidade, hoje completamos seis anos de união de papéis assinados e testemunhas nervosas como nós. Mas não completamos seis anos de corpos juntos, de corações companheiros e sentimentos cúmplices, o que é uma pena e foi pensando nisso, em como nos perdemos, que resolvi nos buscar. 
Hoje você não vai me encontrar em casa, com o olhar e corpos cansados preparando a janta depois de um dia intenso de trabalho. Hoje eu estarei no mesmo lugar que nos encontramos pela primeira vez, estarei aqui te esperando ansiosa, como no nosso primeiro encontro e aguardarei a sua chegada leve, sorridente e disposta como naquele dia. 
Querido Pedro, será que você aceitaria recomeçar?
Ass: Sua eterna e disposta Sandra.

domingo, 5 de outubro de 2014

"É... agora somos nós dois, agora somos um!"




Eu temia que esse dia chegasse, pois eu não saberia o que fazer, como realmente não soube. Sempre sonhei com a maternidade, mas na teoria as coisas com certeza eram mais práticas. Eu não tinha noção do tamanho da minha responsabilidade e a minha cabeça girava por dentro e por fora. Corri até a sala, minhas amigas esperavam ansiosas. Não consegui falar, não consegui dizer nada. Apenas sentei no sofá, pus as mãos no rosto, cobri o desespero que eu sentia com lágrimas.
"Deu positivo?" - Ouvi uma voz acolhedora e curiosa, mas eu não tinha voz pra responder. Em minha cabeça se passava tudo, inclusive meus planos de uma carreira promissora indo embora. Meu último ano na Faculdade, eu não teria tempo, não saberia administrar. Fraldas, choro, mamadeiras, leite, choro, sono, noites perdidas, choro, roupas, enxoval, sem saídas, dores, sem vida social e mais choro.
"Eu não sei o que fazer!" - E naquele momento de fato eu não queria saber.
"Tudo vai se ajeitar, estamos com você, esqueceu?" - Frase clichê que eu dispensava naquele momento. Mas fez efeito ouvir. 
Minha cabeça estava um turbilhão. Como pude deixar isso acontecer? Como não cuidei de mim? Como fui relapsa com meus planos e projetos? Como?
Respirei fundo, recuperei a compostura, eu tinha que encarar os fatos com mais maturidade, mesmo não sabendo como iria fazer aquilo. Listei três coisas emergentes que eu teria que fazer naquele momento.
1- Contar aos meus pais.
2- Contar ao pai.
3- Continuar vivendo.
E assim, enxuguei as minhas lágrimas, agradeci gentilmente ao apoio das minhas amigas, olhei com o maior afeto do mundo para a minha barriga que dali há uns tempos não seria mais chapada. Passei a mão nela e disse: "É... agora somos nós dois, agora somos um!". 

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

NÃO PODEMOS...

Fonte da imagem: http://www.chamaeleon.org.br/?p=415

Nascemos culpadas. Quando o médico descobre o sexo do bebê e diz a mãe da criança: "Parabéns, é uma menina!". Ali, naquele exato momento começa a culpa. Ali, naquele exato momento, toma vida a cabra que deve ficar presa porque os bodes estão soltos. É ali, que é reformulado todo o processo do que nos será ensinado e nos será mostrado o que NÃO PODEMOS FAZER. Não podemos andar sem camisa. Não podemos sentar com as pernas abertas porque somos mocinhas. Não podemos não querer ser mãe. Não podemos optar por ser solteira. Não podemos escolher com quem queremos fazer sexo. Não podemos ganhar mais pelo nosso trabalho. Não podemos usar roupas curtas. Não podemos falar alto. Não podemos xingar. Não podemos beber e fumar, simplesmente, sem nenhuma justificativa, NÃO PODEMOS. 
Não podemos inclusive, chegar a uma determinada idade sem ter um namorado/marido, mesmo que esse homem seja reflexo de uma sociedade fracassada e recheada de machismo. Mesmo que esse homem nos faça (apoiado por todo respaldo social) acreditar que sem ele não somos e jamais seremos alguma coisa. Mesmo que esse homem mine a cada dia a nossa auto estima devido a sua falta de auto confiança. Mesmo que esse homem grite, nos xingue e nos bata. Lembre-se sempre, você só é uma MULHER se você estiver com um homem ao lado, tiver filhos, lavar e passar, saber cozinhar e acima de tudo, entender que para a sociedade você e somente você, será culpada por toda violência gerada contra você mesma. 
Entendeu?!
Não! Nunca entendi isso. A minha cabeça não consegue acompanhar os fatos. Eu não consigo entender e conceber as mulheres da minha geração aceitarem se submeter a certos moldes. Não entra em minha cabeça, mulheres com todo direito à independência, depender afetivamente de migalhas em uma relação. E jamais, irão me fazer mudar de ideia quando eu falo que a sociedade machista que estamos inseridas é a maior cúmplice de toda violência que presenciamos contra as mulheres. 
Ensinamos as nossas meninas, que para elas serem felizes elas precisam estar acompanhadas. Ensinamos as nossas meninas que caso elas sofram um estupro, elas que provocaram isso, pelo simples fato de terem nascido. Ensinamos as nossas meninas que o fato de ela apanhar de um cara, é a forma dele enxerga-la e dá atenção e amor a ela. Ensinamos as nossas meninas que quando um cara a ignora e a maltrata é porque ele a ama e só está fazendo tipo. Ensinamos as nossas meninas a serem vítimas, serem vítimas caladas. 
E eu me pergunto: Até quando? 
Meu coração hoje encontra-se inquieto, pequeno e apertado. 
Fico por aqui.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Até nunca mais...



"Você vai ficar bem?" - Me perguntou como quem esperava uma resposta afirmativa, no sentido de livrá-lo de qualquer culpa que pudesse carregar depois. Não menti, não podia. Eu sabia que não iria ficar bem, ainda com a cabeça baixa, respirei fundo, solucei enquanto enxugava as lágrimas e falei:
- Vou ficar! Mas não agora, no meu tempo. E no fundo sabemos que lá na frente você não significará mais nada, só será lembranças de uma experiência mal sucedida que eu jamais deveria ter começado.
E o silêncio se prolongou por alguns minutos. Eu sabia que lá no fundo o que eu queria era não ter aquela conversa, era não me sentir tão fragilizada, era não aturar ele se fazendo de bom moço preocupado.
Eu sempre soube que não suportaria uma traição, que não perdoaria, mas ainda o amava.
Passou um filme em flash em minha cabeça, desde o nosso primeiro encontro, olhar, abraços e beijos. Passou uma série de dúvidas também, como o que as pessoas iriam pensar se continuássemos juntos depois do que aconteceu. Passou ali, bem adiante, uma série de certezas: A primeira era que eu deveria escolher a forma que eu merecia ser tratada, a segunda era que pouco deveria me importar com a opinião dos outros e a terceira era que mesmo o amando, eu me amava muito mais.
Ali com aquelas certezas eu sequei as minhas lágrimas. Levaria um tempo para esquecê-lo, mas aquilo não me mataria, não me tiraria a vontade de continuar e muito menos me faria desacreditar totalmente no amor.
Levantei do sofá, ele sentado ao lado e em silêncio. Caminhei lentamente até a porta da casa, a abri escancaradamente. Ele me olhou assustado, como quem não acreditava no que via.
-Está vendo essa porta? Está vendo esse caminho? Grave o bem, pois por eles você jamais passará novamente. E isso não é um "adeus", é um "até nunca mais".
- Está me colocando pra fora? - Perguntou admirado, como se esperasse uma reconciliação.
-Sim, estou te colocando pra fora, da minha casa e da minha vida. - Fui firme, meu corpo inteiro tremia, mas estava orgulhosa de mim mesma e naquele momento, era amor o que eu sentia. Logo pensei: "Você é admirável!".
- Posso te ligar? - Falou em baixo tom enquanto se aproximava da porta.
- Acho que você não entendeu. A partir de hoje não temos mais porque nos falarmos.
-Mas...
Empurrei o lentamente para fora de casa e bati a porta. Corri para o sofá e abafei o grito com a almofada, chorei copiosamente, a cabeça queimava, o coração acelerado e a vontade de sumir. Mas eu queria sentir e precisava. Precisava processar aquilo tudo sozinha. Choraria um, dois e até três dias. Mas no quarto dia, logo pela manhã, já estaria nova em folha. Para continuar sendo livre, para continuar sendo eu e bancando as minhas decisões.
Fico por aqui,

terça-feira, 26 de agosto de 2014

Querido futuro namorado...



Querido futuro namorado, 
Não espere de mim que eu te ligue mais de 3 vezes ao dia para saber onde você está e nem com quem você está, muito menos que eu te ligue, pois eu odeio telefonemas, mas conte comigo para saber como você está, a qualquer hora do dia. Conte comigo também para me falar sobre suas questões, medos e ansiedades do dia a dia. Conte comigo para uma palavra amiga e um abraço apertado quando você estiver cansado de tudo. 
Não espere de mim que eu torne a nossa relação a minha vida, pois a minha vida já vai existir quando você chegar e eu farei da nossa relação parte dela. Também não espere de mim aquelas tórridas discussões descabidas quando decidir um tempo só para você e seus amigos, quando precisar bater o bom e velho baba de sempre, desde que tope comigo as mais loucas aventuras que der na minha cabeça de sagitariana aventureira. 
Sinceramente, não espere homenagens rasgadas nas redes sociais, nem apelidos românticos, nem momentos casais de propaganda de margarina e nem momentos infantilóides com vozinha de criança. Acho ultrapassado, acho chato, acho alimentador de vergonha alheia. Mas saiba que eu demonstrarei do meu jeito meio sem jeito o quanto você é importante para mim, seja com um bombom e um bilhete esquecido em seu quarto, seja com um torpedo que te faça gargalhar quando você menos puder fazer isso ou seja num momento de liberdade total que eu resolva cantar uma canção que nem toca mais nas rádios. 
Além de tudo futuro namorado, não espere encontrar em mim a continuação da sua mãe, muito menos uma mulher que te dê ordens, que te diga o que fazer, que coloque seu almoço e recolha seu prato. Afinal eu também adoraria ter uma diarista ou secretária do lar. Mas conte comigo quando quiser testar receitinhas de programa de culinária, para cozinharmos juntos e descobrirmos talentos jamais explorados antes. 
E sabe de uma coisa futuro namorado? Eu, para falar a verdade não espero que você espere nada de mim. Não espero que entre nessa relação cheio de expectativas e moldes, isso irá desgastar nossas almas tentando nos colocar no lugar que outras pessoas um dia ocuparam. E isso eu acho extremamente injusto e cansativo.
Aliás, eu espero só que você chegue e que juntos possamos descobrir que o fato de sermos livres, é em algumas vezes, o mesmo que saber quando estamos muito bem acompanhados. 
É só isso que eu espero, futuro namorado.
Fico por aqui!

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Uma vida por mil LIKES!



Eu tenho uma grande preocupação com as redes sociais: a de me tornar uma pessoa patética. 
Noto a cada dia esse viral se alastrando, o "patetismo" contagiante que parece mais uma doença. Pessoas que o tempo inteiro querem ser o que não são, querem ter o que não tem e querem estar aonde não podem. Vivem de aparência, vivem da carência. E o pior, sobrevivem.
Vejo o tempo inteiro declarações vazias de afetos, só para mostrar o quanto é querido, o quanto quer o bem, o quanto está em paz. Mas lá, na vidinha real, a pessoa mal sabe expressar os sentimentos, mal sabe trocar afeto, mal sabe compartilhar os detalhes de sua vida e o pior a pessoa mal se conhece de verdade. Vejo casais de propagandas de margarina, vivendo uma felicidade fantasiosa, sendo perfeitos para um papel em uma novela. Mas na vida real eles mal trocam selinhos, não tem paciência para as dificuldades diárias e se tratam como pessoas descartáveis o tempo inteiro. 
Vejo pessoas extremamente felizes nas redes sociais, ao ponto de me questionar se a minha vida é normal ou medíocre demais para ser aceita em um site de relacionamentos. Vejo pessoas fazendo boas ações só para mostrar ao mundo virtual o quanto é "cult" e antenada, sendo que além disso só estão em busca de status. Vejo pessoas que precisam tanto de afeto e reconhecimentos, que ainda na cama de um hospital, tem a capacidade de postar uma foto para ganhar likes e afagos carregados de falsos sentimentalismos. 
Vivem como se um "se sentindo triste" fosse angariar sessões gratuitas e potentes de uma boa terapia. Vivem como se as indiretas fossem mais eficazes que uma boa e franca conversa. Vivem como se cada curtida fosse um: "Sim, você é aceito. Sim você vale muito." Mas não é bem por aí...
E isso tudo me preocupa, me preocupa muito. Até quando vamos viver deixando de viver? Até quando vamos deixar coisas por dizer? Até quando vamos suportar o peso de não ser quem somos?


Vejo, futuramente uma geração de pessoas de meia idade prostradas, que não saberão se olhar no olho e trocar afeto presencialmente. Que não saberão o valor de um abraço e uma ligação demorada ou uma visita inesperada. Vejo uma geração de pessoas de meia idade com L.E.R (Lesão por esforço repetitivo) precoce em seus dedos (mais especificamente polegares) e que jamais terão a oportunidade de saber o que é privacidade, o que é almoço em família e uma alimentação dissociada. Jamais terão o prazer de ter tempo e dar tempo ao outro. Jamais terão o prazer de curtir o momento, ao invés de se preocupar com inúmeras "selfies" e mil filtros. É... Essa farsa toda me preocupa.
Me preocupa porque eu faço parte dessa geração meio pateta, que me desculpem a expressão, mas estão se "imbecializando" mais e mais. E é através dessa preocupação que tenho buscado estar mais presente na vida das pessoas ao meu redor. E estar mais presente significa algo maior do que postar fotos e homenagens, do que marcar 49 amigos que mal sabem da sua vida, do que mostrar ao mundo o quanto você é artificialmente feliz. Porque felicidade mesmo é saber o limite de uma vida plena dentro e fora das redes sociais. Porque felicidade mesmo é você ser autêntico ao ponto de assumir a merda que é a sua vida e que para mudá-la você precisa começar de dentro, com você mesmo e não forjando para o mundo. 
Porque felicidade mesmo é o que acontece em off. 
Não me julguem mal, mas fico por aqui. 

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Privilégio em cor!




Estava aqui pensando sobre o preconceito racial. O quanto historicamente o negro é marcado por um processo pesado e de violência. Pensando no racismo velado que vivemos até hoje, dia após dia. E pensando também, o quão sem cabimento é presenciar tudo isso até hoje. 
Leiga que sou, ainda não entendo o "Como" tudo começou. Mas pensando a respeito, me parece até despeito. Despeito da nossa cor, que por si só já traz um brilho natural, nos protege mais do sol, pela quantidade de melanina. Parece despeito com a textura do nosso cabelo crespo, que muitos crescem pra cima, formando uma coroa e impondo respeito naturalmente. Parece despeito com a nossa criatividade de reaproveitar os restos de comida e fazer deles os melhores quitutes hoje já experimentados internacionalmente, gringos que vem de longe provar do nosso Acarajé, vatapá, caruru, dentre outros. E parece despeito também com a nossa maneira de enfrentar as dificuldades, os tempos ruins e difíceis. Transformando tudo isso em dança, gingado, capoeira e arte. 
Não, tudo isso não justifica. Mas foi o que me veio em mente por alguns minutos. Somos tão ricos em cultura, estrutura física, cor de pele, textura de cabelo. Ricos que somos, e apesar de tanta dificuldade para nos impormos, é relativamente natural que tentem por todos os meios uma busca eterna em nos diminuir. 
Tentam isso a todo instante chamando-nos de "mulatas", "escurinhos", "cabelo duro", "cabelo de bombril". Tentam isso nos falando que "cabelo liso, mostra classe", "Ela é uma negra bonita", "Preto quando não caga na entrada, se encarrega na saída". 
Mas quer saber? Se não fossemos nós, nosso sangue, nossa raça, nossa persistência. Muitos paradigmas não seriam quebrados até hoje. 
E aos Pretos/Negros/ Afro descendentes que se encarregam ainda que sem saber, de propagar o racismo da própria cor, eu só lamento. 
Não sou morena, eu sou neguinha!

Fico por aqui!

quinta-feira, 19 de junho de 2014

COISAS QUE APRENDI DENTRO DA IGREJA!


Bom, quem me conhece atualmente sabe qual a minha posição sobre instituições religiosas, mais especificamente as evangélicas. Nasci, cresci e passei parte da vida dentro de uma, vi algumas coisas que não gostaria, assim como vivi também. Mas tudo tem seu lado positivo, tudo traz um ganho e aprendizado. Nesse caso não seria diferente. 
Dentro da igreja eu aprendi a perder a timidez para apresentações públicas por exemplo. Desde muito pequena, participava de apresentações, peças de teatro, dança, leitura da bíblia em voz alta, ministração da palavra, dirigir cultos, coral e por aí vai. O que facilitou durante meu processo escolar, até a faculdade na hora de apresentar trabalhos em grupo e/ou individuais. O nervosismo existe, mas facilita muito saber o caminho.
Aprendi também a interpretar texto. Lembro que inicialmente não conseguia sequer entender um parágrafo da bíblia, mas quem tem a sensibilidade para interpretar textos bíblicos já está em um bom caminho para interpretar qualquer outro livro. E foi assim também que criei paixão pela leitura. E futuramente veio me ajudar com os textos mirabolantes passados durante o período de faculdade.  
Aprendi a conviver em grupo, lembro-me que participava de acampamentos (Retiro Espiritual), e aos finais de semana passava em tempo integral na Igreja. O que fez com que eu me adaptasse muito cedo com convivência em grupos grandes, com diversidade e pessoas de todos os tipos. E assim também aprendi a dividir as coisas, sei que esse princípio é geralmente empregado na educação doméstica (para quem tem), mas com a igreja aprendi a dividir, a ser solícita e solidária e por incrível que pareça, até onde me recordo, sem muita imposição de culpa ou pecado. 
Com a igreja eu aprendi também a ter responsabilidades, pois havia horários para cultos, compromissos para os finais de semana, como chegar no horário no culto de jovens ou na escola infantil, leituras de texto e apresentações dos mesmos. Ah! E aprendi também a organizar pequenos eventos, como peças teatrais, apresentações, festa de Páscoa, Tabernáculos, ceia. O que explorava muito o meu lado criativo, gerando estímulo para que eu prosseguisse criando coisas. 
Aprendi a transcrever gravação de áudio. Pode parecer meio surreal hoje em dia, mas na época era fita cassete e as ministrações para não serem perdidas, eram transcritas (a mão) e guardadas. Dava um trabalho, mas era um tanto terapêutico. 
Dentro da igreja eu aprendi o que eu queria e deveria ser como ser humano, mas foi lá dentro que eu aprendi o que eu nunca seria. 
Lá dentro descobri dons e habilidades únicas. Aprendi a não me habituar muito com as modinhas em massas, com as festas sociais capitalistas e a impor minhas ideias e personalidade quando era necessário. 
Viram só quantas habilidades eu desenvolvi lá dentro?! E assim sigo minha vida, buscando ver o lado bom e positivo de tudo que eu experimento. 
Ah e foi dentro da igreja que eu aprendi a beijar também, mas isso aí já fica para um próximo post. 
Fico por aqui. 

quinta-feira, 5 de junho de 2014

Calibrando os "F"s!





É que às vezes a gente quer tudo "pra ontem". Coloca metas, planos e prazos em tudo. Mas "pra ontem", ficou lá atrás, impossível realizar algo que já passou. Tem horas que é necessário pisar no freio, desacelerar...
Na vida é importante ter metas, sonhos, planos. Lógico que sim. Mas nem tudo depende somente de nós. Depende dos outros, de respostas, de consequências. E aí, se planejamos as coisas de forma "Caxias", se somos teimosos e inflexíveis com nossos prazos, acabamos deixando passar algumas lições e oportunidades que podem nos ensinar muito mais que algumas respostas que esperamos. 
Na verdade, tudo, absolutamente tudo na vida da gente, depende de paciência. Já viu alguém fazer alguma coisa perfeita, baseado na pressa? Não! Nem eu. O próprio dito popular, já diz que:  "A pressa é inimiga da perfeição." 
Pois então planeje, estruture seu tempo, seus planos e sonhos. E se por algum a caso no meio do caminho não sair como planejou, saiba ser leve, saiba improvisar, saiba rir das adversidades. Quando não sair como você esperava, apenas se pergunte: "O que devo aprender com isso?". E ao se perguntar isso, jamais sairá perdendo. 
Abaixo do céu tudo tem seu tempo certo para acontecer, acredite você nisso ou não, acredite você em divindade ou não. Sendo assim, o que for realmente para ser teu, virá. Virá de onde você menos espera, virá da maneira mais inusitada, mas virá. E quando falo isso, não digo que é para você aconchegar a buzanfa rechonchuda em uma poltrona confortável e ficar lá esperando cair do céu. Não, não mesmo. Quando falo em esperar, é ter a certeza que aquilo que almeja acontecerá, mas enquanto isso, trabalhe. Trabalhe sua atenção para as coisas que cooperarão para isso chegar até você. Trabalhe a gratidão por receber o que tanto almeja. Trabalhe a dedicação em não desistir por um simples e pequeno NÃO. Trabalhe-se, aceite-se e acima de tudo confie em você mesmo. Se você não for o primeiro a fazer isso por você, ninguém fará. 
Então é isso. Foco no objetivo, força na caminhada e fé que tudo, absolutamente tudo que você desejar com intensidade, perseverança e trabalho você conseguirá. 
Fico por aqui! 

domingo, 25 de maio de 2014

NÃO ESTOU ABERTA PARA NOVAS CHEGADAS.

Quer saber? NÃO ESTOU ABERTA PARA NOVAS CHEGADAS. Não agora.
Estou contente com a quantidade de amigos que tenho e se for falar de amor, comigo nunca prestou. Então não quero.
Estou fechada mesmo e bastante intransigente com minha decisão. Estou sem paciência para papos iniciais. Sem paciência para conhecer, perguntar, responder, ouvir balelas, ouvir histórias para me impressionar. Estou sem paciência para boas poses e atitudes, só para conquistar. Estou sem paciência para joguinhos, para sorrir forçado, para dividir minha história, para dividir coisas, para doar e receber. Estou sem paciência para me identificar com as pessoas, para achar metido e me arrepender depois. É isso estou sem a menor paciência.
Pode ser só uma fase, pode ser que passe e que lá na frente eu ache uma leseira falar isso, afirmar com tanta pretensão. Mas hoje, exatamente hoje, Sara está sem o menor saco para contatos mais íntimos. Quero ficar aqui, quieta, abastecida do amor que eu já tenho e troco com os verdadeiros.
Estou um  pouco cansada, tantas trajetórias. Os pés estão cansados. Acho que é isso.
Então que fique claro: Não banque o legal e descente, querendo me impressionar a qualquer custo. Não queira ser legal comigo, esperando em troca a minha amizade verdadeira ou o tal algo mais. Não me venha com nenhuma intenção, nem segunda, nem terceira, aliás nem venha. Não estou pra isso agora, ok?!
Acho que mereço esse respeito já que estou sendo sincera assim e honesta também.
Estou fechada, para reforma.
Att,
à direção.

Fico por aqui.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O amor me visitou!




Aprendi a me amar, depois de uma auto estima destruída por anos. Na infância fui marcada por apelidos destrutivos. Já fui chamada de: "Baleia assassina"; "Bunda assassina"; " Yow Willie -A baleia assassina"; "Bujão"; "Pescoço de vinil" "Cabelo de pinxaím", "Cabelo de bombril", dentre muitos apelidos que destruíam a cada dia a minha imagem, para mim mesma. As pessoas que os inventaram, provavelmente não lembrará disso, mas eu... Nunca esqueci.
Desde cedo lutava (não sozinha) para um emagrecimento precoce. Lutava para manter a raiz do meu cabelo baixa. Lutava para ser aceita socialmente e ter ao menos um elogio. As meninas da minha idade eram sempre as mais bonitas, eram as mais desenvolvidas, divertidas e chamavam mais atenção. Eu andava sempre com o grupo dos excluídos, dos não aceitos, dos que sobravam e me sentia bem lá. Era acolhedor. Tínhamos as mesmas dores.
Já ouvi comentários do quanto eu era feia. Garotos nem se aproximavam, por eu ser feia e gorda. Nas brincadeiras eu nem sempre era escolhida.  Já sofri preconceito por ser pobre. E todos esses e muitos outros fatos, foram colaborando para que eu virasse uma mulher fragilizada, suscetível a opiniões alheias e cheia de inseguranças.
Escolhi parceiros errados. Os mais tortos e que contribuíam ainda mais para isso. Parceiros que nunca me elogiaram. Parceiros que me deixavam em segundo lugar. Os que demonstravam alguma admiração por mim, eu queria distância. Não, eu não merecia ter alguém que gostasse de mim. Não merecia alguém que me enxergasse. Não merecia ser valorizada pelo que eu era. Foi o que aprendi durante parte da minha vida.
A sociedade é má, é cruel com as crianças e com todos em geral. A sociedade exclui, massacra e você ao invés de ser elogiado por ser diferente, é oprimido.
Eu não emitia opinião em público. Não divulgava meus textos em redes sociais. Odiava tirar fotos. Fotos perto de garotas bonitas então, nem pensar. Quando me elogiavam, logo eu tratava de destruir aquele elogio com algum comentário negativo. O meu tom de voz era baixo em lugares com muita gente. Quando um carinha me olhava, eu sempre pensava: "Qual será o meu problema?". Tive problemas de transtornos alimentares. E tive problemas de saúde por isso. Não me achava merecedora de coisas boas. Não reconhecia meus potenciais e qualidades. Não reconhecia nada de bom que me acontecia. Eu era uma vítima da sociedade, dos meus pensamentos, dos meus sentimentos e principalmente de mim mesma. E sabe o que acontece quando somos vítimas? Amamos isso. É comodo. É inerte. Dói, mas passa. E assim vamos levando.
Em 2007 comecei o curso de Psicologia. Levei comigo na bagagem todas as minhas inseguranças e medos. Toda as minhas crenças de uma pessoa fracassada. Chorava ao receber uma nota baixa. Me escondia por trás de um visual desarrumado, sempre fiz isso. Escondia atrás de meu jeito extrovertido, toda timidez, vergonha e mágoa do meu passado. Tinha vergonha de quem eu era.
Os anos se passaram. Tive momentos em que consegui me reerguer. Aos poucos fui aprendendo que as pessoas não me elogiavam sem razão, eu tinha realmente aquelas qualidades.Aprendi a acreditar nas pessoas certas, aprendi a me entregar a elas e assim aprendi a acreditar em mim. Aos poucos eu fui aprendendo que quem se aproximava de mim, quem gostava de mim, fazia tudo isso por quem eu era. Aprendi a não ter vergonha de ser desprovida financeiramente. Aprendi a valorizar as pessoas pelo que elas representavam e me ensinavam. E assim, fui conquistando o respeito por mim mesma.
Recentemente (não tão recente), entrei em terapia por outros motivos que não a auto estima e percebi como tudo estava interligado. De maneira muito rápida reconstruí a minha auto estima. Determinei que a partir daquele dia ia escolher melhor os meus parceiros. Determinei que não seria mais vítima de mim mesma. Determinei que ia olhar para mim todos os dias e ia aprender a admirar cada partezinha do meu corpo (Afinal eu me amo, eu me aceito, eu mereço amar e mereço ser amada).
Hoje eu não tenho a mínima vergonha de quem eu sou. O que não quer dizer, que não esteja sempre em busca do meu melhor. Hoje eu me amo tanto que cada feito meu, eu exponho, eu divido, eu compartilho (aos que torcem por mim e vibram comigo). Hoje eu sei me elogiar e quando recebo elogios, me sinto grata e os coleciono. Hoje eu me sinto livre para ser o que eu quiser ser e até mesmo para errar. Me sinto livre para andar como eu quiser andar. Hoje me importo bem menos com a opinião dos outros, antes de tudo eu me questiono O QUE EU REALMENTE QUERO. Hoje presto mais atenção no que me deixa feliz e dedico meu tempo a isso. Hoje eu não me envergonho de postar uma foto sem maquiagem, descabelada ou com as dobrinhas da barriga aparecendo, há coisas mais importantes, sabe? Hoje estou contente com meu peso, apesar de ter sempre uma piada pronta para esse assunto (de verdade). Hoje não levo horas escolhendo uma roupa ou comprando várias para me sentir melhor. Hoje estou buscando a minha identidade. Hoje eu não admito nenhum tipo de brincadeira que venha diminuir quem eu sou. Hoje eu não permito que ninguém destrua o que eu de maneira árdua e paciente levei  para construir e estou construindo.
Meu corpo, minhas regras, minha história. E tudo que vá de encontro aos meus objetivos, tudo o que não me acrescenta mais, eu não faço a menor questão de manter comigo.
E a razão de escrever esse texto hoje, não é focar em tudo de ruim que aconteceu lá atrás. É repensar em quanto somos cruéis com nós mesmos e o quanto nos diminuímos constantemente para agradar aos outros. É repensar o quanto de amor merecemos e lutar por isso, seja esse amor interno ou externo. É repensar o quanto somos ingratos com as nossas qualidades. É repensar o tempo que dedicamos sempre ao pior e ao negativo, podendo construir coisas maravilhosas sendo mais otimistas. É repensar...
Fico por aqui.

sexta-feira, 9 de maio de 2014

DesAPONTEI!



Eu precisava tomar uma decisão e a mais acertada delas, era não te ver mais. Não fiz isso por livre e espontânea vontade. A minha vontade era outra, era permanecer ali. Até que a minha ficha caiu que eu estava bancando a babaca sendo tão disponível assim. 
Eu precisava me afastar, não saber notícias suas. Precisava me desligar totalmente, precisava repetir para mim mil vezes, todos os dias, o quanto você não se importava comigo e o quanto eu estava louca se achava que esse dia fosse chegar. Precisava me lembrar todo santo dia, que quando você me dizia que era recíproco, você não sabia o que dizia. Você não sabia o que sentia. Você mal sabia o que significava a palavra: Reciprocidade. 
E precisava mandar você ir à merda, precisava rogar uma praga, precisava falar na sua cara o quanto você foi idiota em deixar uma mulher que era tão interessada em você, passar assim. Precisava te dizer que eu cansei de me ver buscando maneiras de marcar a sua vida. Precisava apagar todas as nossas conversas, todas as suas mensagens e seu número da agenda do meu celular. 
Eu precisava continuar. Precisava alimentar a esperança de que assim que eu me afastasse, você viria atrás de mim. Me diria coisas lindas. Me pediria para voltar. Me falaria o que sente e que sentiu a minha falta. Me falaria que, quando dizia que era recíproco, era a maneira mais tosca de mostrar seu amor por mim. Mas não foi assim.

Fico por aqui!

quinta-feira, 1 de maio de 2014

A proposta

Largou da minha mão de repente, olhou para mim e me perguntou se eu topava ter os dias mais felizes da minha vida. Achei pretensioso, não sou chegada ao romantismo e quis prontamente fazer disso uma piada:
- Por que? Logo após esses dias vai me raptar e me matar?
Olhou para mim assustado, abaixou as vistas, num tom desanimado falou:
- Você não se leva à sério, mas eu sim. E isso pode ser lamentável.
Envergonhada e ainda dividida entre achar fofo e dramático demais. Levantei o seu queixo, olhei em seus olhos e sugeri:
-Me pergunta isso de novo?!
Não havia mais clima, eu sabia. É que a sensação de ter alguém a sua disposição para lhe propor mais felicidade, nunca havia passado por mim antes. Achei tosco, exagerado, não ia mentir. Fiquei assustada com tamanha disposição, sou chata e exigente. De que forma ele me daria esses dias "mais felizes"? Quando eu pagaria por isso? Dá medo, sabe?!
A minha sugestão não foi aceita, engoli a culpa como uma cápsula de Itu sem água. Ficou entalada, doía, e a vergonha batucando em minha cabeça. Sai pra lá Olodum, tô sem clima.
Minutos em silêncio e eu não sabia de quem era o funeral. Não sabia o que passava do lado de lá. Me questionava se tinha perdido a oportunidade dos dias "mais felizes", se havia exagerado na minha frieza. Me tranquilizava ao pensar, que se ele estava disposto, não seria uma simples brincadeira a colocar tudo a perder. Mas eu não brinquei, eu joguei com as palavras, falei o que estava cheio o coração. Cheio de vazio e frieza.
Talvez não fosse um bom período, talvez quem não estava disposta era eu, talvez tenha me pegado de surpresa.
Segurou minha mão frouxamente, beijou minha testa. Senti como se fosse uma despedida e o coração acelerado dizia: "Olha o que você aprontou!". Olhou para mim e falou bem firme:
- Não sou moleque, sou homem. Um homem nunca desiste do que ele quer.
Sorriu apressado, como quem quisesse me aliviar a tensão. Sorri de volta, sem respostas. Respirei aliviada. Ufa! Prometi a mim mesma pensar numa melhor resposta da próxima vez, prometi não me punir tanto por querer aceitar a sua proposta, pois foi no instante que achei que havia perdido essa oportunidade de ser  "mais feliz" ao seu lado, que percebi o quanto o quero comigo.

Fico por aqui!

quarta-feira, 23 de abril de 2014

A imagem do adeus.



Você não imagina o que eu senti quando não atendia mais meus telefonemas. Quando não respondia mais minhas mensagens de texto. Quando não me dava mais bom dia. Quando não me perguntava como eu estava. Quando resolveu sumir de vez. Quando nem ao menos me avisou sobre essa decisão. Quando começou a sair com ela. Quando começaram a namorar. Quando eu fui ficando de canto até sumir das suas lembranças. Não imagina o que eu senti.
Você não imagina o quanto doeu, perceber que não seríamos nem mais amigos, amantes, amadores. Doeu demais encarar que eu não significava nada além de um simples passatempo. Doeu ter que aceitar que não era você. Doeu ter que desconstruir tudo aquilo que eu construí sozinha. Doeu ter que lavar a roupa suja, varrer os cômodos empoeirados, esvaziar as prateleiras preenchidas, rearrumar a bagunça. Mas eu não queria jamais, jogar a poeira para debaixo do tapete.
E eu não imagino como tudo aconteceu. Como tudo foi tão rápido. Não imagino o porque da desistência. Não consigo compreender a sua partida repentina, mas tão decidida.
Não imagino porque me poupar do aviso, me poupar do cuidado de uma explicação. Não deve haver explicação, é isso?
Não imagino quando tudo começou a mudar, não senti, não percebi. Não imagino outra pessoa em seu lugar e não imagino ela no meu.
Você não imagina o quanto estou inconformada, eu imaginava que seria poupada do seu adeus. 


Fico por aqui!!

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Desencontros do destino


Apenas dois dias antes do casamento se encantou por outro alguém. Havia mais dúvidas do que razões para aquilo que estava acontecendo, mas além de tudo isso havia tesão e desejo. 
Apenas dois dias antes do casamento, aquele casamento esperado, planejado, todo detalhado, rabiscado na agenda, debatido com as amigas, sonhado desde a infância. Apenas dois dias antes de entrar na igreja, ao lado do seu pai-herói, mirando seu príncipe a sua espera no altar. Apenas dois dias...
Na saída de casa para os últimos preparativos do casório. Visitar a loja do vestido, fazer o último ajuste. A preocupação com a medida do corpo, hidratação do cabelo e boa aparência da pele. Aquele frio na barriga que habitava o estômago há dois meses. Os passos apressados, caminhava sozinha, pensativa e apreensiva. Refletia: "Será que é ele o cara certo?", "Será que estou fazendo a escolha certa?", "Será que é cedo demais?", "E se eu enjoar no segundo dia de casamento?", "Se as manias dele me irritarem?". Distraída prosseguia. Entrou no shopping. Ufa, ar condicionado. Na mente o caminho mais rápido para chegar à loja. Na vitrine mais próxima o sapato dos sonhos, distraída, atraída, estabanada. Se esbarrou em um cara tão apressado quanto ela. Derrubou no chão toda sua pasta de documentos. Cena típica de filme de romance, mas ali começaria o terror. Abaixou-se apressadamente, precisava se desculpar de alguma maneira. Catou os papéis. As mãos tremiam enquanto caçava as últimas folhas, contando com a ajuda de alguém que ela nem se quer reparou que estava ali. 
Levantaram-se juntos. Ela entregou lhe a pasta, enfim completa. Ergueu os olhos e foi ali, exatamente ali que sentiu como se todas as perguntas que vinha se fazendo no caminho fossem respondidas. Sorriram. Ela se desculpou. Ele balançou a cabeça, sinalizando que não havia problema. Ela vomitou: "Qual seu nome?" - Se arrependeu, se repreendeu. Ele respondeu: "Me chamo Marcos e você?". Ainda arrependida, respondeu: "Luisa". Sorriram novamente. Silêncio momentâneo. Queria tanto continuar, saber sua vida, sua idade, seus sonhos e viajar junto. Seu corpo ardia de desejo, olhou suas medidas, desejou saber de tudo.
"Sou um pouco estabanada!"- Não sabia o que falar e se denunciou. 
"Isso pra mim é um charme!"- Era tudo o que ela queria ouvir. 
Sorriram os dois novamente. E aquele brilho no olhar dele, ela há tempos não via em mais ninguém. 
"Aceita tomar um café comigo?" - Se arrependeu novamente, não se controlava, não se reconhecia e não queria jamais sair do lado dele. 
"Agora não seria um bom momento, estou atrasado (consultou o relógio). Mas me dá seu número, te ligo e marcamos algo."
"Tudo bem!" - Desanimou-se, seria fácil demais pra ser verdade. Entregou lhe o seu cartão. Sabia que ele não ligaria. 
"Nos falamos então?!"- Sorriu lhe estendendo a mão.
"Certo! Até mais." - Retribuiu o gesto. Saiu dali com um nó na garganta. Quanta posse. Quando querer. Quanto desejo. Desejava sexo, o seu corpo quente. Desejava aquela voz rouca e aveludada lhe pedindo coisas ousadas na cama. Desejava aquele sorriso, após o ato. Por fração de segundos se esqueceu do evento especial. Trocaria a festa toda por aquele momento, pra ter aquele olhar de desejo em sua frente novamente. Seu corpo ainda quente, calor, nervoso, descontento, desejo. Seguiu em frente, suspirou de lamento. E pensou consigo mesma: "Aonde estou com a cabeça?" - E se respondeu sem dessa vez, se repreender: NELE! 
Continua?
Fico por aqui.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Sobre o que eu não deveria falar...



Hoje acordei extremamente envergonhada. Ao dividir isso com vocês (seja lá quem você for), tentarei não me prolongar tanto, o que se torna praticamente impossível quando se trata de um assunto sério, extremamente importante e polêmico: "GREVE DA PM" - Em Salvador. 
Mesmo longe consegui através das redes sociais e de alguns amigos acompanhar metade do que está "supostamente" acontecendo na cidade. Recebi um áudio desesperador de uma criatura que por pouco não teria a oportunidade de gravá-lo, li relatos de colegas no face que foram assaltados, outros expostos ao medo, constrangimento e ficaram sem o direito comum a todos que é o direito de ir e vir. Até aí, são fatos. 

Agora vem a minha visão disso tudo, não a leve tão a sério. Como falei, estou acompanhando o caso de "longe" e admito, sem ao menos me envergonhar disso, que sou um ser humano totalmente apolítico. O que não quer dizer que eu seja alienada. Então vou dividir em 3 pontos a discussão para facilitar para todos nós. Ok? 
1- No primeiro ponto eu me deparo com a mania brasileira de fazer piada de situações sérias. E aí você pode incluir uma porção de coisas: Ignorância coletiva; "Pão e circo"; falta de comprometimento social; abstração de fatos relevantes e políticos, para não levar à discordâncias e discussões (o que ao meu ver é totalmente enriquecedor); "Vamos rir pra socializar" ou simplesmente o costume de no Brasil tudo terminar em Pizza. Confesso que fiquei assustada. Não levei em consideração nenhum fato político, não me posicionei a favor de nenhum dos lados (governo/PM), não tomei a causa para mim. Mas me assustei pelo simples fato de ver um assunto tão sério, que é a violência urbana (comum à todos nós) estar mais aflorada nesse momento de caos e isso não ter a mínima importância pra muitos. Enfim, o que posso concluir de tudo isso, é que somos responsáveis por tudo isso de alguma maneira, mas a forma de afastar essa responsabilidade, é tornar tudo mais engraçado e leve. Me desculpem, mas não é nem uma coisa, nem outra. 

2- O segundo ponto que venho colocar é o fato de algumas pessoas, que antes estavam cagando e andando por questões "políticas" envolvendo a Copa, estarem agora refletindo sobre o quão grave é um país de terceiro mundo, dirigido por corruptos e ocupado por grande parte de acomodados/alienados, sediar a Copa. Bom, o fato não é o país sedia a Copa. O fato vai muito além de tudo isso e daria um outro post só para discutir essas questões. Aí me veio a lembrança do Gigante que acordou há um tempo atrás, e... dormiu eternamente em berço esplendido de novo. Mas sabem por quê? Porquê não era política o que estava sendo feito por muitos ali, era apenas modismo em massa, para parecer descolado e antenado nas redes sociais. Por outro lado, não acho que quem NUNCA comenta sobre essas questões políticas publicamente nas redes sociais seja um alienado. Bem como, quem comenta e posta SEMPRE sobre isso seja um ser político e atuante. Vejamos bem. 
3- A greve em si. Esse terceiro ponto renderia um livro, se tratando da minha visão sobre o assunto. Quero deixar claro que eu concordo sim, concordo com qualquer tipo de greve e manifestação. Para obter "direitos", temos que saber os nossos deveres e um deles é ser atuante em defesa do que se acha necessário, ainda que tenhamos consequências. Ponto. A sociedade sofre com isso? SOFRE. A sociedade paga por isso? PAGA E CARO. Mas vamos pensar como adultos maduros e inteligentes?! Se fossemos mais atuantes diante das mínimas insatisfações geradas, as coisas ocorreriam de outro modo. Não seria necessário chegar ao extremo. 
Bom, falei que esse terceiro ponto seria mais extenso. Vamos lá, não quero deixar coisas a serem ditas, ler quem tiver disposição. 
Na época do "O gigante acordou" - coisa linda de se ver, mas acabou e dormiu de novo- a PM estava lá. Lembram? Ah, mas é claro que lembram, quem foi as ruas até mais do que quem foi contaminado pela mídia. Ok?
Lembram da atuação da PM em meio ao caos, gerado por eles mesmos? Ok! 
Lembram da atuação violenta e sem justificativas que ocorreram, pelo simples fato de brasileiros, tentarem ainda que por modismo, lutar pelos seus direitos e serem atuantes e brasileiros? Ok! 
Agora vamos pra outra parte: Trabalhadores lutando pelos seus direitos. Polícias, assim como nós, são vítimas desse sistema opressor que empurra a poeira pra debaixo do tapete (Ai minha rinite). Para sermos racionais, temos que encarar essa situação como: "Trabalhadores lutando pelos seus direitos e ponto". Assim como professores, motoristas rodoviários, agentes de limpeza que estão expostos a violência de seus trabalhos todos os dias, contribuem significativamente para o desenvolvimento e funcionamento do país, mas não são respeitados e remunerados devidamente pelo que fazem. Sei que quando se trata de polícia é diferente, pois eles impõe um poder (falho ou não) de inibir a ação de meliantes e estou ciente das consequências que a falta da presença deles nas ruas pode gerar. Mas se pararmos para pensar gente, a culpa não é dos PMs, a culpa...Espera, culpa é pesado demais e soa meio "fim de relacionamento"... A responsabilidade, pronto, ficou melhor. A responsabilidade é nossa, que somos egoístas demais para nos prender a fatos irrelevantes em um momento tão sério. A responsabilidade é nossa quando ao invés de discutirmos de forma saudável sobre o assunto, estamos alimentando as redes sociais com piadinhas, estamos confrontando os "amigos" virtuais porque expuseram sua opinião sobre o caso. E a responsabilidade maior é nossa quando não votamos certo, quando não nos mobilizamos em massa para mudar o destino desse buraco negro (sem etnia envolvida) que é o país que moramos. 
Claro que esse assunto renderia muito mais, discutiria sobre isso melhor, e explanaria cada ponto aqui colocado, mas temos preguiça de ler, sabe?! Ainda mais quando não é uma piada ou um caso de amor mal resolvido. 
Agora entendem o tamanho da minha vergonha? Se não entendem, eu compreendo vocês. Até porque tem questões que mechem mais com uns do que com outros.
Para finalizar peço a Deus que protejam os inocentes, que essa situação se resolva da melhor maneira possível e peço também (coitado de Deus), que sejamos mais responsáveis e cuidadosos com nossas colocações. Sei que para muitos a situação é assustadora, para mim também é, mas tudo ultimamente nesse país tem me assutado galera. É lamentável, mas tinha que dividir isso com alguém. 
Ainda envergonhada e assustada, fico por aqui.  

domingo, 6 de abril de 2014

Estuprados todo tempo pela hipocrisia social!




Fiquei uns dias sem internet e quando retornei, fiquei um pouco chocada com algumas polêmicas que estavam rolando por esse mundo virtual (cheio de virtudes e nocividades). O que me deixou mais incomodada nisso tudo, foi que essas polêmicas envolviam mulheres e sua "SEXUALIDADE". 
Bom, a primeira polêmica que me deparei foi de uma garota aí, justificando ter postado uma foto onde ela não percebeu, mas aparecia uma pica de plástico que ela usava para se masturbar. Ok? Não! A sociedade não admite que as mulheres tenham nenhum tipo de independência, quanto mais sexual, certo?! Ok! Sigamos. 
A segunda polêmica que me deparei foi a da garota lá que não admite dar a xereca dela para um cara pobre. Ok? Não! Um absurdo a mulher fazer escolhas nessa sociedade, ainda mais escolhas sexuais, que envolvam seu corpo (E aí entraríamos em outras muitas questões, mas quero ser breve! #Sempacy). 
Ai fiquei aqui pensando, que porra de mundo é esse que a gente tem que se encaixar em um padrão e agradar a todo mundo? Que porra de mundo escroto é esse que uma mulher não pode ter uma pica plástica para sentir prazer quando der na teia, mas é aceitável os guris demorarem mais tempo no banho, porque estão se "descobrindo"? Em que diabo de mundo estamos que uma mulher não pode escolher a quem dá a bendita buceta, que é recriminada, mas um homem que diz por aí que é "Patrão" é respeitado e aplaudido? Que porra de mundo filho de uma puta (que me perdoem as PUTAS) é esse que toda hora eu vejo, leio e ouço alguém dizendo que temos que nos dar valor para sermos valorizadas? Agora venha cá. Me defina o que é valor nesse caralho... 
Quer dizer que não sou uma mulher de valor se dou a buceta a quem eu quero? Quer dizer que não sou mulher de valor se gosto de usar roupas curtas, confortáveis que mostram as minhas lindas curvas? Quer dizer que não sou mulher de valor porque fumo, bebo, fodo, sinto prazer, xingo e entendo de futebol?
Foda-se essa sociedade hipócrita que julga para colocar no outro o peso de existir, o tempo inteiro. FODA-SE. 
Me entristece ver mulheres compartilhando fotos com cartazes: "#EUNÃOMEREÇOSERESTUPRADA. Para mim isso é uma coisa óbvia, que não precisaria de alarde, até porque além de não haver justificativas, NINGUÉM merece ser ESTUPRADO. 
As mulheres não querem ser iguais aos homens. Ainda que tentássemos, somos seres diferentes em essência e genética. SÓ QUEREMOS ALGO QUE DEVERIA SER HABITUAL: RESPEITO NESSE CARALHO!
Apenas desabafando, fico por aqui!

terça-feira, 18 de março de 2014

Processos de dores e ganhos...


Estou passando por dias incrivelmente difíceis, mas estranhamente FELIZES. Acredito que se fosse em outro tempo, tempos em que não haviam amadurecimento, compreensão, entendimento e um novo olhar, tudo isso seria encarado como um grande fardo. E eu com certeza fraquejaria.
Estou passando por um turbilhão de sensações e processos, mudanças radicais. Um momento que tem exigido de mim uma postura mais adulta, decisões mais acertadas, mais objetividade e frieza. E confesso que tenho medo de adotar posturas tão rígidas e não conseguir mais sair de lá.
Eu tenho encarado esses momentos difíceis como um presente, como amor, como cuidado e fortalecimento. E estou aproveitando essa fragilidade, para agradecer a Deus todos os dias, por tudo isso estar acontecendo em minha vida, pois com tudo isso eu só tenho ganhado.
Tenho ganhado mais fé, para correr atrás dos meus objetivos. Tenho ganhado mais coragem, pra desafiar essa vida louca. Tenho ganhado o reconhecimento e gratidão por ter pessoas verdadeiras ao meu lado, lutando comigo e me dando apoio. Tenho ganhado maturidade, para enxergar como a vida é linda apesar das adversidades. Tenho ganhado experiências, para saber retribuir mais na frente, tudo o que a vida e o universo tem me dado. Tenho ganhado motivação, para enxergar que apesar das dificuldades, a importância e dimensão que as coisas tomam, só depende de nós mesmos.
Enfim eu estou cada vez mais, me sentindo mais rica. Passei a enxergar a vida de outra maneira. A valorizar outras coisas. Passei a me policiar mais em agradecer ao invés de reclamar. Passei a exercitar a minha visão, para enxergar sempre uma coisa boa e um ganho em algo ruim que vem acontecendo.
E se hoje eu tenho pouco ou quase nada, é para amanhã eu aprender a valorizar o muito que vou ganhar, materialmente falando. Porque de resto, o que não é bem "resto", aliás é muito, eu  já venho ganhando e aprendendo. Estou me sentindo cada vez mais rica, e se parte da minha missão de vida é evoluir e valorizar outras coisas que não as materiais. Estou aprendendo e muito.
Ainda em aprendizado, fico por aqui!

domingo, 9 de março de 2014

Pesadas escolhas...


E ela já sabia que não dava mais, que já havia terminado há tempos. Já não havia mais apreço, mais apego, mais afeto. Não havia mais amor. Olhava pra ele e não sentia mais nada. Absolutamente nada. Mas não se imaginava só, precisava de muletas, não sabia caminhar sozinha, não tinha coragem pra engatinhar e sofria. 
O olhar enjoado lhe acompanhava por meses e ela engolia a seco as palavras. Todo dia se prometia: "Hoje termino essa agonia!". Mas logo adiava, sentia pena. Quem sente pena, estima alguém? Quem sente pena, sente admiração? Difícil. 
Já não dormia o sono dos justos e todos os dias se prometia, só por hoje, mais uma dose dessa agonia. E pensava sufocada: "Não posso jogar todos esses anos fora, ele irá sofrer!" - Se não sofre ele, sofre você?
Esse conflito a matava a cada dia, já não se possuía, não mais se conhecia, seus gostos e sonhos emprestou todos a ele e nunca mais pegou os de volta. 
Até que em um  belo dia, pela distância e frieza que neles cabiam. Ele sentou e perguntou se havia algo de errado. Era o momento certo, estava ganhando em suas mãos a chave da liberdade. Se ele perguntou, é porque quer ouvir. Talvez ele já soubesse a resposta, era só confirmar docemente que não dava mais. Mas qual fim é doce? 
E no balançar de cabeça, olhos baixos e um peso de mais de 300kg nas costas, balançou a cabeça em sinal negativo. Sorriu forçado, olhou caído, suspirou fundo e disse: "Você é tudo o que eu preciso, deixa disso!" 
E ali, naquele momento, perdeu a chance da liberdade e de se reencontrar depois de tanto tempo. Um filme passou em sua cabeça, nunca havia se sentido tão covarde. Não havia mais amor, nem pra ele e nem pra ela. Era costume. Costume de ser vítima, de ser vilã, costume de sofrer, de alimentar dramas e feridas. É que a coceira do cascão é sempre melhor que o arranhão. Não haviam benefícios, só sacrifícios. Mas um dia ensinaram a ela que ser sozinha era pior do que mal acompanhada. Boa aluna, aprendeu e reproduziu, como se viver aquilo bastasse pra ela e pra sempre. 
Tem gente que é assim. Prefere a emoção de histórias conhecidas, batidas, repetidas. Arriscar é arriscado demais.
Fico por aqui.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Louca da vida...




Ela é louca, só pode ser!
Ela não é normal, gosta de comer pão com feijão gelado de madrugada. Odeia atender telefone e se for número que não está salvo na agenda ou não é identificado ela não atende por nada nesse mundo. Tem a mania de dormir com os pés pra fora da cama. Conversa com os cachorros na rua como se fossem crianças. E conversa com as crianças como se ela mesma fosse uma. 
Ela não é normal. Ela canta e faz performance no chuveiro. Faz o banheiro de confessionário. Conversa sozinha por horas lá dentro. Faz caretas no espelho e ri de si mesma. Ela bate pra dizer que ama. Xinga pra mostrar carinho. Esculhamba pra demonstrar a importância da pessoa na vida dela. Ela não é normal.
Ela é meio variada. Xinga os homens que mexe com ela na rua. Briga com os motoristas que param em cima da faixa de pedestre. E quando um homem que não a agrada a encara ela pergunta se ele perdeu alguma coisa. Acho que ela não tem medo de perder os dentes.
Ela não é normal. Ela se apaixona a todo momento por pessoas totalmente diferentes. Ela não idealiza o casamento. Ela quer ter 5 filhos no mundo louco de hoje, e adotaria facilmente uma criança especial. Ela não é normal.
Não pode ser normal, ela dança sozinha na frente do espelho, como se tivesse platéia. Ela faz o desodorante aerosol de microfone. Ela bate boca com os programas absurdos da televisão brasileira. Ela ama novela mexicana e a dublagem não a incomoda, pelo contrário, a instiga. 
Ela não é normal, ela dorme com o travesseiro em cima na cabeça e não embaixo como as outras pessoas. Ela antes de tomar banho molha como num ritual, primeiro o pé direito, depois o esquerdo, as mãos e depois todo o corpo. Ela não é normal. Acredite. 
Ela não é normal, namora uma casa abandonada que tem na rua dela, e toda vez que passa por lá cumprimenta a casa, dando uma leve passadinha de mão no muro em forma de carinho. Ela não é normal... quando bebe então, ela definitivamente não é normal. 
Mas diante de tudo isso, ela é adorável. Chata, maluca, cheia de manias. Extremamente grossa. Mas ela é adorável. 
Fico por aqui!

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

E eu espero...




Talvez esteja demorando tanto, porque eu quero alguém que em um único abraço me faça perceber que ele quer permanecer ali por um longo tempo. Talvez esteja demorando tanto, porque eu espero alguém que tenha um jeito idiota e engraçado, mas que me surpreenda com a maturidade de me apoiar quando for preciso. Talvez essa demora seja, porque eu espero por alguém que vai esperar ansiosamente por uma ligação minha, mas vai entender que eu simplesmente odeio falar ao telefone e  vai fazer uma piada com isso. 
Toda essa demora deve ser porque, eu quero alguém que ria junto comigo do meu jeito meio desastrado e às vezes desalmado de não levar as coisas tão à sério. Talvez esteja demorando assim, porque eu fico aguardando aquele cara que vai olhar pra mim, e não vai me fazer cobranças infantis de namoricos de escola e nem vai deixar eu enjoar dele como faço com tanta gente. Talvez esteja demorando tanto, porque vai ser ele quem vai topar fazer as coisas mais inusitadas que já pensei em fazer. Vai ser ele que vai entender meu jeito sagitariano. E ele vai querer ficar, vai querer que eu fique. E vai querer mostrar pra mim o quanto eu estive enganada todo esse tempo, em achar que não levo jeito pra nada disso. Vai ser firme comigo e me mostrar o quanto fui egoísta em não querer me dividir de verdade com ninguém durante todo esse tempo. 


Talvez esteja demorando tanto, porque eu quero alguém que tire de mim o melhor que eu puder oferecer. Porque eu quero alguém que cante mesmo desafinado, só pra me mostrar uma música que é a nossa cara. Porque eu quero alguém que não tenha vergonha da sua história, do quanto sofreu e lutou pra ser e estar onde está. Porque eu quero alguém que os dedos se encaixem perfeitamente aos meus, e que eu imediatamente sinta: "É ELE!" 
Talvez seja essa a demora. Talvez demore tanto porque ele deve estar por aí, ainda meio perdido, ainda se decepcionando, ainda se preparando. Talvez ele nem saiba, como eu também não sei, mas vai ser ele que vai me fazer entender porque hoje eu acho tantas pessoas idiotas quando encontram alguém que ama de verdade. E talvez seja ele que vai me fazer quebrar todas as minhas regras e pagar todos os meus "Nunca farei isso...". E talvez ele ainda não saiba, como eu também não sei o dia exato em que estaremos prontos um para o outro. 
Talvez esteja demorando tanto porque eu jamais saberia agradecer a Deus por tê-lo colocado em meu caminho. Talvez esteja demorando tanto, porque eu estou me preparando para a sua chegada, estou me preparando para me doar, me dividir e ser grata. 
Fico por aqui...

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Pondo créditos...


Eu acredito que nada na vida acontece por acaso. Acredito também em Destino, e acredito que a gente pode mudá-lo. Acredito que algumas coisas estão pré-destinadas a acontecer, mas que nem por isso precisamos esperar/aceitar que elas aconteçam. Acredito que tem gente que já nasceu para brilhar, independente do que opte por seguir na vida. Acredito que tem coisas na vida que jamais haverá explicação e acredito também que tem outras que são explicadas até demais. Acredito que tudo que vai, nem sempre volta e que quando volta nunca é a mesma coisa. Acredito que aqui se faz e aqui se paga, e acredito que a gente colhe o que a gente planta. Acredito que nem sempre a gente tem o que quer, mas é muito mais fácil reconhecer que encontrou quando se sabe o que se quer. Acredito que dois corpos podem sim ocupar o mesmo lugar no espaço. Acredito que quem deve teme, e quanto mais se deve menos horas de sono nós temos. Acredito que nem tudo na vida está perdido e que pra tudo existe uma solução, nem que seja a velha e boa justificativa: "Deixe que o tempo cure!". Acredito que pensamentos positivos atraem coisas boas e que pessoas negativas são extremamente cansativas. Acredito que não há uma fórmula pra tudo e que não podemos generalizar quando se trata de sentimentos, pessoas e atitudes. 
Ainda refletindo, fico por aqui...