Apenas dois dias antes do casamento se encantou por outro alguém. Havia mais dúvidas do que razões para aquilo que estava acontecendo, mas além de tudo isso havia tesão e desejo.
Apenas dois dias antes do casamento, aquele casamento esperado, planejado, todo detalhado, rabiscado na agenda, debatido com as amigas, sonhado desde a infância. Apenas dois dias antes de entrar na igreja, ao lado do seu pai-herói, mirando seu príncipe a sua espera no altar. Apenas dois dias...
Na saída de casa para os últimos preparativos do casório. Visitar a loja do vestido, fazer o último ajuste. A preocupação com a medida do corpo, hidratação do cabelo e boa aparência da pele. Aquele frio na barriga que habitava o estômago há dois meses. Os passos apressados, caminhava sozinha, pensativa e apreensiva. Refletia: "Será que é ele o cara certo?", "Será que estou fazendo a escolha certa?", "Será que é cedo demais?", "E se eu enjoar no segundo dia de casamento?", "Se as manias dele me irritarem?". Distraída prosseguia. Entrou no shopping. Ufa, ar condicionado. Na mente o caminho mais rápido para chegar à loja. Na vitrine mais próxima o sapato dos sonhos, distraída, atraída, estabanada. Se esbarrou em um cara tão apressado quanto ela. Derrubou no chão toda sua pasta de documentos. Cena típica de filme de romance, mas ali começaria o terror. Abaixou-se apressadamente, precisava se desculpar de alguma maneira. Catou os papéis. As mãos tremiam enquanto caçava as últimas folhas, contando com a ajuda de alguém que ela nem se quer reparou que estava ali.
Levantaram-se juntos. Ela entregou lhe a pasta, enfim completa. Ergueu os olhos e foi ali, exatamente ali que sentiu como se todas as perguntas que vinha se fazendo no caminho fossem respondidas. Sorriram. Ela se desculpou. Ele balançou a cabeça, sinalizando que não havia problema. Ela vomitou: "Qual seu nome?" - Se arrependeu, se repreendeu. Ele respondeu: "Me chamo Marcos e você?". Ainda arrependida, respondeu: "Luisa". Sorriram novamente. Silêncio momentâneo. Queria tanto continuar, saber sua vida, sua idade, seus sonhos e viajar junto. Seu corpo ardia de desejo, olhou suas medidas, desejou saber de tudo.
"Sou um pouco estabanada!"- Não sabia o que falar e se denunciou.
"Isso pra mim é um charme!"- Era tudo o que ela queria ouvir.
Sorriram os dois novamente. E aquele brilho no olhar dele, ela há tempos não via em mais ninguém.
"Aceita tomar um café comigo?" - Se arrependeu novamente, não se controlava, não se reconhecia e não queria jamais sair do lado dele.
"Agora não seria um bom momento, estou atrasado (consultou o relógio). Mas me dá seu número, te ligo e marcamos algo.""Tudo bem!" - Desanimou-se, seria fácil demais pra ser verdade. Entregou lhe o seu cartão. Sabia que ele não ligaria.
"Nos falamos então?!"- Sorriu lhe estendendo a mão.
"Certo! Até mais." - Retribuiu o gesto. Saiu dali com um nó na garganta. Quanta posse. Quando querer. Quanto desejo. Desejava sexo, o seu corpo quente. Desejava aquela voz rouca e aveludada lhe pedindo coisas ousadas na cama. Desejava aquele sorriso, após o ato. Por fração de segundos se esqueceu do evento especial. Trocaria a festa toda por aquele momento, pra ter aquele olhar de desejo em sua frente novamente. Seu corpo ainda quente, calor, nervoso, descontento, desejo. Seguiu em frente, suspirou de lamento. E pensou consigo mesma: "Aonde estou com a cabeça?" - E se respondeu sem dessa vez, se repreender: NELE!
Continua?
Fico por aqui.
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