Eu tenho uma grande preocupação com as redes sociais: a de me tornar uma pessoa patética.
Noto a cada dia esse viral se alastrando, o "patetismo" contagiante que parece mais uma doença. Pessoas que o tempo inteiro querem ser o que não são, querem ter o que não tem e querem estar aonde não podem. Vivem de aparência, vivem da carência. E o pior, sobrevivem.
Vejo o tempo inteiro declarações vazias de afetos, só para mostrar o quanto é querido, o quanto quer o bem, o quanto está em paz. Mas lá, na vidinha real, a pessoa mal sabe expressar os sentimentos, mal sabe trocar afeto, mal sabe compartilhar os detalhes de sua vida e o pior a pessoa mal se conhece de verdade. Vejo casais de propagandas de margarina, vivendo uma felicidade fantasiosa, sendo perfeitos para um papel em uma novela. Mas na vida real eles mal trocam selinhos, não tem paciência para as dificuldades diárias e se tratam como pessoas descartáveis o tempo inteiro.
Vejo pessoas extremamente felizes nas redes sociais, ao ponto de me questionar se a minha vida é normal ou medíocre demais para ser aceita em um site de relacionamentos. Vejo pessoas fazendo boas ações só para mostrar ao mundo virtual o quanto é "cult" e antenada, sendo que além disso só estão em busca de status. Vejo pessoas que precisam tanto de afeto e reconhecimentos, que ainda na cama de um hospital, tem a capacidade de postar uma foto para ganhar likes e afagos carregados de falsos sentimentalismos.
Vivem como se um "se sentindo triste" fosse angariar sessões gratuitas e potentes de uma boa terapia. Vivem como se as indiretas fossem mais eficazes que uma boa e franca conversa. Vivem como se cada curtida fosse um: "Sim, você é aceito. Sim você vale muito." Mas não é bem por aí...
E isso tudo me preocupa, me preocupa muito. Até quando vamos viver deixando de viver? Até quando vamos deixar coisas por dizer? Até quando vamos suportar o peso de não ser quem somos?
Vejo, futuramente uma geração de pessoas de meia idade prostradas, que não saberão se olhar no olho e trocar afeto presencialmente. Que não saberão o valor de um abraço e uma ligação demorada ou uma visita inesperada. Vejo uma geração de pessoas de meia idade com L.E.R (Lesão por esforço repetitivo) precoce em seus dedos (mais especificamente polegares) e que jamais terão a oportunidade de saber o que é privacidade, o que é almoço em família e uma alimentação dissociada. Jamais terão o prazer de ter tempo e dar tempo ao outro. Jamais terão o prazer de curtir o momento, ao invés de se preocupar com inúmeras "selfies" e mil filtros. É... Essa farsa toda me preocupa.
Me preocupa porque eu faço parte dessa geração meio pateta, que me desculpem a expressão, mas estão se "imbecializando" mais e mais. E é através dessa preocupação que tenho buscado estar mais presente na vida das pessoas ao meu redor. E estar mais presente significa algo maior do que postar fotos e homenagens, do que marcar 49 amigos que mal sabem da sua vida, do que mostrar ao mundo o quanto você é artificialmente feliz. Porque felicidade mesmo é saber o limite de uma vida plena dentro e fora das redes sociais. Porque felicidade mesmo é você ser autêntico ao ponto de assumir a merda que é a sua vida e que para mudá-la você precisa começar de dentro, com você mesmo e não forjando para o mundo.
Porque felicidade mesmo é o que acontece em off.
Não me julguem mal, mas fico por aqui.
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