quinta-feira, 15 de maio de 2014
O amor me visitou!
Aprendi a me amar, depois de uma auto estima destruída por anos. Na infância fui marcada por apelidos destrutivos. Já fui chamada de: "Baleia assassina"; "Bunda assassina"; " Yow Willie -A baleia assassina"; "Bujão"; "Pescoço de vinil" "Cabelo de pinxaím", "Cabelo de bombril", dentre muitos apelidos que destruíam a cada dia a minha imagem, para mim mesma. As pessoas que os inventaram, provavelmente não lembrará disso, mas eu... Nunca esqueci.
Desde cedo lutava (não sozinha) para um emagrecimento precoce. Lutava para manter a raiz do meu cabelo baixa. Lutava para ser aceita socialmente e ter ao menos um elogio. As meninas da minha idade eram sempre as mais bonitas, eram as mais desenvolvidas, divertidas e chamavam mais atenção. Eu andava sempre com o grupo dos excluídos, dos não aceitos, dos que sobravam e me sentia bem lá. Era acolhedor. Tínhamos as mesmas dores.
Já ouvi comentários do quanto eu era feia. Garotos nem se aproximavam, por eu ser feia e gorda. Nas brincadeiras eu nem sempre era escolhida. Já sofri preconceito por ser pobre. E todos esses e muitos outros fatos, foram colaborando para que eu virasse uma mulher fragilizada, suscetível a opiniões alheias e cheia de inseguranças.
Escolhi parceiros errados. Os mais tortos e que contribuíam ainda mais para isso. Parceiros que nunca me elogiaram. Parceiros que me deixavam em segundo lugar. Os que demonstravam alguma admiração por mim, eu queria distância. Não, eu não merecia ter alguém que gostasse de mim. Não merecia alguém que me enxergasse. Não merecia ser valorizada pelo que eu era. Foi o que aprendi durante parte da minha vida.
A sociedade é má, é cruel com as crianças e com todos em geral. A sociedade exclui, massacra e você ao invés de ser elogiado por ser diferente, é oprimido.
Eu não emitia opinião em público. Não divulgava meus textos em redes sociais. Odiava tirar fotos. Fotos perto de garotas bonitas então, nem pensar. Quando me elogiavam, logo eu tratava de destruir aquele elogio com algum comentário negativo. O meu tom de voz era baixo em lugares com muita gente. Quando um carinha me olhava, eu sempre pensava: "Qual será o meu problema?". Tive problemas de transtornos alimentares. E tive problemas de saúde por isso. Não me achava merecedora de coisas boas. Não reconhecia meus potenciais e qualidades. Não reconhecia nada de bom que me acontecia. Eu era uma vítima da sociedade, dos meus pensamentos, dos meus sentimentos e principalmente de mim mesma. E sabe o que acontece quando somos vítimas? Amamos isso. É comodo. É inerte. Dói, mas passa. E assim vamos levando.
Em 2007 comecei o curso de Psicologia. Levei comigo na bagagem todas as minhas inseguranças e medos. Toda as minhas crenças de uma pessoa fracassada. Chorava ao receber uma nota baixa. Me escondia por trás de um visual desarrumado, sempre fiz isso. Escondia atrás de meu jeito extrovertido, toda timidez, vergonha e mágoa do meu passado. Tinha vergonha de quem eu era.
Os anos se passaram. Tive momentos em que consegui me reerguer. Aos poucos fui aprendendo que as pessoas não me elogiavam sem razão, eu tinha realmente aquelas qualidades.Aprendi a acreditar nas pessoas certas, aprendi a me entregar a elas e assim aprendi a acreditar em mim. Aos poucos eu fui aprendendo que quem se aproximava de mim, quem gostava de mim, fazia tudo isso por quem eu era. Aprendi a não ter vergonha de ser desprovida financeiramente. Aprendi a valorizar as pessoas pelo que elas representavam e me ensinavam. E assim, fui conquistando o respeito por mim mesma.
Recentemente (não tão recente), entrei em terapia por outros motivos que não a auto estima e percebi como tudo estava interligado. De maneira muito rápida reconstruí a minha auto estima. Determinei que a partir daquele dia ia escolher melhor os meus parceiros. Determinei que não seria mais vítima de mim mesma. Determinei que ia olhar para mim todos os dias e ia aprender a admirar cada partezinha do meu corpo (Afinal eu me amo, eu me aceito, eu mereço amar e mereço ser amada).
Hoje eu não tenho a mínima vergonha de quem eu sou. O que não quer dizer, que não esteja sempre em busca do meu melhor. Hoje eu me amo tanto que cada feito meu, eu exponho, eu divido, eu compartilho (aos que torcem por mim e vibram comigo). Hoje eu sei me elogiar e quando recebo elogios, me sinto grata e os coleciono. Hoje eu me sinto livre para ser o que eu quiser ser e até mesmo para errar. Me sinto livre para andar como eu quiser andar. Hoje me importo bem menos com a opinião dos outros, antes de tudo eu me questiono O QUE EU REALMENTE QUERO. Hoje presto mais atenção no que me deixa feliz e dedico meu tempo a isso. Hoje eu não me envergonho de postar uma foto sem maquiagem, descabelada ou com as dobrinhas da barriga aparecendo, há coisas mais importantes, sabe? Hoje estou contente com meu peso, apesar de ter sempre uma piada pronta para esse assunto (de verdade). Hoje não levo horas escolhendo uma roupa ou comprando várias para me sentir melhor. Hoje estou buscando a minha identidade. Hoje eu não admito nenhum tipo de brincadeira que venha diminuir quem eu sou. Hoje eu não permito que ninguém destrua o que eu de maneira árdua e paciente levei para construir e estou construindo.
Meu corpo, minhas regras, minha história. E tudo que vá de encontro aos meus objetivos, tudo o que não me acrescenta mais, eu não faço a menor questão de manter comigo.
E a razão de escrever esse texto hoje, não é focar em tudo de ruim que aconteceu lá atrás. É repensar em quanto somos cruéis com nós mesmos e o quanto nos diminuímos constantemente para agradar aos outros. É repensar o quanto de amor merecemos e lutar por isso, seja esse amor interno ou externo. É repensar o quanto somos ingratos com as nossas qualidades. É repensar o tempo que dedicamos sempre ao pior e ao negativo, podendo construir coisas maravilhosas sendo mais otimistas. É repensar...
Fico por aqui.
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Gostei de ver! ops...de ler!
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