sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

QUEM VAI OU FICA!

Fonte da Imagem: http://na-tpm.blogspot.com.br/


Certificou-se que ele ainda permanecia dormindo, levantou-se cautelosamente da cama, procurou com o olhar por onde estavam as suas roupas. Num cuidado absoluto, amante do silêncio, caminhou pelo quarto arrecadando suas peças, se policiando para não estragar tudo. Caminhou na ponta dos pés até o banheiro, abriu a torneira vagarosamente, não queria barulho, só um pouco d'água no rosto e bastava. Se vestiu, ajeitou o cabelo, aproveitou-se do enxaguante bucal, sorriu para si mesma no espelho e sussurrou baixinho: "Precisamos ir!"
Já pronta, parou na porta do quarto e observou aquele corpo preenchido de músculos, bronze e todas as gostosuras e travessuras de um Halloween fora de época. Observou quase dois metros de um corpo quente, totalmente relaxado, seu rosto marcante, parecia que havia sido pintado à dedos, com a maior delicadeza e capricho.
Certa de que não poderia ficar, certa de que não seria justo com os dois, buscou com o olhar a chave da porta. Caçou cada milímetro da sala, decidindo então procurar no quarto, mas claro, cuidadosamente. Virou, mexeu, até que descobriu na carteira dele a sua identidade, surpreendendo-se como o nome combinava com a figura física e recriminando-se por não se lembrar detalhes do noite anterior. 
Chaves na mão, achadas no bolso da bermuda jogada no chão, pensou mais uma vez se era o que queria - partir sem ao menos um adeus. Lembrou-se que havia deixado com ele o seu número de telefone, mas certamente o bloquearia. 
Abriu a porta lentamente, estragaria tudo qualquer barulho, estragaria seus planos se ele de repente acordasse. Na dúvida se deixaria um bilhete ou não, apenas usou o velho batom de guerra e escreveu no espelho box do banheiro: "Foi bom, obrigada!" - Talvez fosse vista como seca demais em suas palavras, até fria e calculista. Mas havia se tornado assim, quando descobriu que podia escolher sozinha, quem em sua vida, vai ou fica.


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