Eu temia que esse dia chegasse, pois eu não saberia o que fazer, como realmente não soube. Sempre sonhei com a maternidade, mas na teoria as coisas com certeza eram mais práticas. Eu não tinha noção do tamanho da minha responsabilidade e a minha cabeça girava por dentro e por fora. Corri até a sala, minhas amigas esperavam ansiosas. Não consegui falar, não consegui dizer nada. Apenas sentei no sofá, pus as mãos no rosto, cobri o desespero que eu sentia com lágrimas.
"Deu positivo?" - Ouvi uma voz acolhedora e curiosa, mas eu não tinha voz pra responder. Em minha cabeça se passava tudo, inclusive meus planos de uma carreira promissora indo embora. Meu último ano na Faculdade, eu não teria tempo, não saberia administrar. Fraldas, choro, mamadeiras, leite, choro, sono, noites perdidas, choro, roupas, enxoval, sem saídas, dores, sem vida social e mais choro.
"Eu não sei o que fazer!" - E naquele momento de fato eu não queria saber.
"Tudo vai se ajeitar, estamos com você, esqueceu?" - Frase clichê que eu dispensava naquele momento. Mas fez efeito ouvir.
Minha cabeça estava um turbilhão. Como pude deixar isso acontecer? Como não cuidei de mim? Como fui relapsa com meus planos e projetos? Como?
Respirei fundo, recuperei a compostura, eu tinha que encarar os fatos com mais maturidade, mesmo não sabendo como iria fazer aquilo. Listei três coisas emergentes que eu teria que fazer naquele momento.
1- Contar aos meus pais.
2- Contar ao pai.
3- Continuar vivendo.
E assim, enxuguei as minhas lágrimas, agradeci gentilmente ao apoio das minhas amigas, olhei com o maior afeto do mundo para a minha barriga que dali há uns tempos não seria mais chapada. Passei a mão nela e disse: "É... agora somos nós dois, agora somos um!".
Adorei!
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