"Espero que o próximo ônibus seja o nosso ponto."

Será que vou te encontrar de novo?
Quando nossos olhares se cruzaram, ainda timidamente pela primeira vez, eu pensei em desistir.
Não queria continuar, mas tinha algo que me chamava.

Minutos eu, minutos você, ficamos ali por horas, revezando quem dava seguimento aos olhares. 

Hora tímidos. Hora decididos a continuar aquele revezamento e parecia que dali ia sair algo mais. 

E cada movimento seu eu torcia pra que não descesse ali.
"Espera mais um ponto!" - Eu pensava.
"Que olhos lindos você tem!" - Quis dizer- Pareciam feitos de água. Água do mar, naqueles dias que o sol arde. 

Seu rosto era conhecido, já não me restava dúvidas, sabia parte da sua história, já havia te visto antes. Só descobri com os detalhes, só descobri com o passar dos pontos. 

Pessoas que circulavam entre nós, davam espaço as pausas dos olhares. Era um descanso e eu consentia.

Mas novamente voltávamos a competição. 

Quem vai parar primeiro? Quem vai soltar primeiro?
E eu temia que soltássemos juntos, no mesmo ponto, no mesmo olhar. 

Mas durou até muito, quase conversamos com tanta troca, já sabia muito sobre você.
Só não sei onde te encontrar. 

Quando foi embora, ainda me perguntou com o olhar: "Não vai me acompanhar?"
Mas eu não podia, tinha que seguir a viagem. Ficou sem graça. Meio cinza. Sem 50 tons. 

A brincadeira terminou, desviei rapidamente o pensamento. Me senti criança quando o amiguinho tem que ir embora pra casa, e deixa a bagunça pra você limpar sozinho.
Espero que o próximo ônibus seja o nosso ponto.
Só isso!

Fico por aqui!