segunda-feira, 14 de setembro de 2015

De amores em amores partidos.



De amores em amores partidos, construí o maior e mais forte de todos. Se antes eu dizia não ter sorte no amor, hoje descobri que na verdade não era questão de sorte e sim de péssimas escolhas.
Jamais você será capaz de encontrar alguém especial se você não se vê como alguém especial. Ou poderá até encontrar, mas o colocará num local de superioridade e os melhores relacionamentos são aqueles construídos olho no olho.
De amores em amores partidos, percebi que estava me negando relacionamentos saudáveis, por não me achar merecedora deles. Mas eu sou, você é, todo mundo é merecedor. Mas que tipo de amor você tem nutrido dentro de você? É importante refletir, pois é o tipo de amor que você acredita que merece receber.
De amores em amores partidos, refleti que na verdade o que realmente faltava, era um amor sincero, um amor fiel de mim por mim mesma. E se eu não fosse capaz de nutrir esse tipo de amor por mim mesma, ninguém mais seria. Parece clichê eu sei, mas é a mais pura verdade.
Agora não quero nada menos que pessoas dispostas e disponíveis, que demonstrem interesse, que mesmo com todos os medos e desapontamentos, escolham ficar. Quero não precisar me preocupar com medidas, quero poder demonstrar o que pulsa aqui dentro. Quero reciprocidade e a vontade louca de dividir meu mundo, que é tão louco e colorido. 
Não quero minha cara metade, tampa da panela, nem chinelo velho. Não quero ninguém para me completar. Completa eu já tenho que estar, porquê quando a pessoa "certa" chegar, não seremos metades sedentas, não seremos dependentes. Seremos apenas a soma de algo muito bom, que já vem dando certo sozinho. 


domingo, 6 de setembro de 2015

Quando me vi negra!





Lembro-me com clareza quando a irmã de uma amiga minha, em uma de nossas conversas de ideologia, me relatou em tom de lamentação e revolta sobre o racismo que ela enfrentava na nossa cidade (Lê-se Salvador, onde a população em sua maioria é negra).
Lembro-me também que rebati o discurso dela dizendo que não via as coisas naquela dimensão e que racismo ia muito mais da forma que a gente enfrentava tudo aquilo. Eu estava enganada.
Em dezembro de 2013 decidi parar com a química (nos cabelos). Essa decisão veio após muitas tentativas frustradas, incontáveis tentativas frustradas. Eu ouvia coisas abomináveis quando anunciava que ia parar com a química, mas os meus ouvidos acostumados com discursos racistas implantados, jamais notou a gravidade de cada frase dita a mim, naquela época.
Depois que resolvi enfim assumir meu cabelo, fui percebendo com o passar do tempo, que eu não estava somente assumindo a minha raiz crespa, mas uma história pesada de ser sentinda e que eu iria sentir na pele, literalmente.
Quando eu usava os cabelos alisados, não tinha olhos atentos a essa dimensão de rebate a cor negra. E após ter assumido meu cabelo crespo e ter de enfrentar diariamente racismo explícito e velado, me perguntei: "Então é isso? Então é isso que é ser negro? Eu sou negra então?"
E me vi ali, apesar de assustada, acolhida pela minha identidade negada. E me perguntei mais: " Será que é por isso então, que muit@s menin@s, sofrem oprimid@s e pres@s a química por medo de tudo que podem enfrentar socialmente, caso se assumam? " - E fiquei inquieta. Como estou e prossigo até hoje. Essas pessoas precisam de libertação. Não digo com isso que não possam alisar seus cabelos, que não possam mudar a estrutura do seu fio, mas desde que esteja claro, que o caminho do alisamento inicialmente é um caminho do embranquecimento, da desvalorização e do desrespeito a nossa beleza natural.
O racismo existe, e isso jamais findará. Eu não acredito no fim do racismo. Porque o ser humano é em sua maioria pequeno, medíocre e está preso a coisas tão pequenas e banais, como cor de pele, estatura física, condição sexual, posição social, que se esquecem do que é essencial, da riqueza que cada um carrega por dentro. Jamais vou entender e conseguir acompanhar o pensamento de um racista, e também não quero.
Mas ser negra para mim é uma honra. Hoje me sinto forte. Me sinto amada. Me sinto vista. E por mais que meu estômago embrulhe cada vez que ouço abominações racistas (consciente ou inconscientemente), eu não trocaria a minha identidade por nada nesse mundo. Não trocaria o meu cabelo crespo por nada nesse mundo. Se ser negro é ter que enfrentar tudo isso, não estou pronta, ninguém está pronto para lidar diariamente com a violência, mas estou aqui, estou firme e assim seguirei, porque negro é fortaleza, sempre foi.